sexta-feira, 9 de dezembro de 2011


MÚSICA

Foi bonita a festa, pois!

Érlon Péricles volta de temporada de shows em Portugal e na Espanha

 

Gaúcho é um tipo que está espalhado por todo canto do mundo. E por que não em Portugal, ora pois? E o missioneiro de São Luiz Gonzaga Érlon Péricles foi conferir o pedacinho de chão no além-mar onde a gauderiada fincou a bandeira farroupilha. Durante 23 dias, ele fez uma temporada de shows na cidade portuguesa de Cascais, no Cantinho do Gaúcho.

De 5 a 28 de outubro, Érlon se apresentou em parceria com Marcelo Freitas (bateria), Miguel Tejera (baixo) e Guilherme Goulart (acordeom) – companhia apelidada de Guaiaca Trio. A plateia era predominantemente formada por brasileiros saudosos. A maioria do público, segundo o músico, era formada por gente do Rio de Janeiro ou da Bahia e demonstrava estar atraída pela diversidade que marca a cultura brasileira.

– Meu baterista, o Marcelinho Freitas, foi o contato. Ele passou temporadas por lá durante três anos e conheceu um pelotense que mora lá há 15 anos e abriu uma casa para divulgar a cultura e a culinária gaúchas. Vários artistas daqui já se apresentaram lá – conta Érlon, que se projetou no meio nativista a partir de Santa Maria.

O quarteto não desperdiçou as chances de visitar os centros históricos das cidades de Lisboa e Albufeira. Na capital portuguesa, encantaram-se com o bairro boêmio de Alfama, onde visitaram a rota do fado e do choro, que é moda por lá. Mas foi o respeito que o tradicional ritmo lusitano imprime no público que impressionou os visitantes gaúchos.

– Eles anunciam: “Silêncio, vai tocar o fado”. Os garçons param de atender, os clientes ficam quietos, baixa-se a luz e tem aquela sessão de quatro ou cinco fados em silêncio absoluto – conta Érlon.

Foi em uma casa de fados da Alfama que uma cantora chamada Cláudia Santos tocou uma música de Érlon, que também se apresentou por lá.

– No recanto, a apresentação foi para a colônia brasileira. Nas outras, tocamos para portugueses mesmo. Foi muito bacana essa integração – diz.

Tertúlia – Para finalizar a temporada na Europa, Érlon, Freitas, Tejera e Goulart voaram para o outro lado da Península Ibérica e visitaram Sevilha, na Espanha. De novo, foram atrás das raízes da cultura local.

– Visitamos Sevilha para ver os dançarinos e músicos flamencos. Não a coisa turística, mas crua, nas casas, acontecendo em meio às mesas... Foi uma oportunidade muito boa de conhecer outras culturas. Não tem preço essa interação. A gente volta com uma ideia nova do mundo – elogia Érlon.

Voltar para casa não foi uma tortura para o músico missioneiro, que chegou apostando no sucesso de Na Boca do Monte, o Sonho Voa – composição de sua autoria inscrita na 19ª Tertúlia. Aposta vencedora. Defendida por Renato Mirailh, Gisele e Maninho, a canção foi eleita a Melhor Composição sobre Santa Maria – Troféu Vento Norte.

– Foi uma canção preparada para isso mesmo. Quando a canção passou (na seleção do festival), eu sabia que poderia ganhar, porque fala da história de Santa Maria, das lendas. Como morei aí e tenho um carinho grande pela cidade, me inspirei. Se você vai pesquisar e aprender a história para escrever, é uma coisa, mas viver numa terra por 17 anos e se inteirar da cultura com as pessoas é diferente – declara Érlon, que vive em Porto Alegre

tatiana.dutra@diariosm.com.br
TATIANA PY DUTRA

Nenhum comentário: